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Uma breve visita à Esquizofrenia


Esquizofrenia quer dizer mente fendida. Mas ao contrário do imaginário popular, Esquizofrenia não é dupla personalidade. O nome vem no sentido da dificuldade característica do paciente pensar com clareza, sentir emoções normais e separar o mundo interior do mundo exterior ao indivíduo.


É doença devastadoramente comprometedora ao paciente e de seus familiares. Geralmente surge no início da fase adulta - mas não quer dizer que não venha em outras fases da vida -, quando haveria grande crescimento e desenvolvimento social e profissional do paciente.


Mas de onde veio essa doença? É difícil responder a essa pergunta. Já sabemos que há fatores predisponentes (biológicos e hereditários) e fatores desencadeantes (ambientais, epigenéticos) que influenciam o surgimento da doença.

Quanto ao mecanismo, existem algumas linhas de pensamentos, mas a hipótese ainda mais aceita é a dopaminérgica, na qual há uma sobrecarga desse neurotransmissor em todo o encéfalo e principalmente na via mesolimbica e mesocortical o que gera sintomas positivos (alucinações, delírios, etc) e negativos (embotamento afetivo, negativismo, preguiça). Além desse neuroreceptor há ainda papel não esclarecido da serotonina e do glutamato.


E história natural da esquizofrenia (cronologia da doença no indivíduo) ocorre em fases: a) Pré-mórbida, com afastamento social, dificuldades cognitivas inespecíficas, déficits de funções executivas em filhos de pacientes esquizofrênicos b) Prodrômica, com sensação de apreensão, perplexidade e suspicácia sem um foco ou um sentido definido - comum sentimento de que algo vai acontecer, aparecem isolamento social, comportamento desorganizado, atitudes excêntricas e peculiares; antecede por meses a psicose, mas podendo haver psicose transitória; c) Mórbida (Progressiva), com a psicose a formulação da ideação delirante e deterioração do pensamento e portando da organização do comportamento; e, d) Estabilização, com uma fase estável, com melhoras e recorrências.


E os medicamentos para tratamento, quais podem ser usados? Na verdade, podem ser usados várias medicações, mas principal é o antipsicótico. Os antipsicóticos de típicos bloqueiam receptores de Dopamina D2, pos-sinápticos das vias mesolimbica, mesocortical, tuberoinfundibular e nigroestriatal, diminuindo sintomas positivos e proporcionando efeito colaterais, como síndrome extrapiramidal, alterações de movimento, desmotivação e apatia, que mimetizam sintomas negativos. Já os antipsicóticos atípicos têm uma ação, nos receptores D2, mais seletiva, bloqueando-os mais nas vias mesolimbica e mesocortical, diminuindo alucinações e delírios e não proporcionando tantos efeitos colaterais. Além disso, também bloqueiam receptores pre-sinapticos de serotonina (5HT2). Portanto, desde que respeitadas doses equivalentes, não há diferença de ação, mas sim nos efeitos colaterais


Preciso de medicação para resto da vida? Sim! Da mesma forma que qualquer doença crônica, há tratamento, mas não há cura. A medicação é iniciada com intenção da estabilização e evitação de ocorrências de crises e de seus impactos neurobiológicos e sócio-funcionais nos pacientes. O principal tratamento é o antipsicótico e as intervenções psicossociais que variam com as características intrínsecas ao paciente.


E a internação? Internação só é necessária em casos extremos na qual há risco para pacientes ou para outrem e não há apoio familiar. Em geral o tratamento é ambulatorial medicamentosos e em regime de Hospital dia. Esses programas devem ter atendimento durante a semana, integrando a intervenção farmacológica às intervenções psicossociais, incluindo terapia ocupacional, psicoterapia individual ou grupal, grupos operativos, oficinas protegidas, treinamento de habilidades sociais e terapia familiar.


A terapia familiar, combinada às intervenções diretamente direcionadas ao paciente, já demonstrou reduzir as taxas de recaídas na esquizofrenia, obtendo, consequentemente, um melhor prognóstico. Na verdade, o paciente tem como pedra fundamental o apoio familiar. A família necessita de psicoeducação (história natural da doença, desenvolvimento de habilidades, manejo de expectativas dos reais limites dos pacientes) e atendimento em saúde mental no sentido de minimizar o sofrimento dos familiares.

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